O desbravar da Tulipa Negra do samba dentro da música popular brasileira!

Pioneira a levar o samba-enredo ao sambódromo do Anhembi, a trajetória de Dona Bernadete se fez dentro do samba, e sua obra e caminhada reforçam a importância da música popular e das manifestações afro-brasileiras existentes em nossa cultura.

Nascida no Tatuapé e criada na Lapa, Bernadete se apaixonou pela música ainda na infância, dada a influência de seu pai, violonista de choro e samba, proporcionando à cantora vivenciar a música desde cedo.

A Tulipa Negra, como Bernadete também é conhecida, se desenvolveu musicalmente após integrar um grupo com seu irmão mais velho, chamado Sexta-Feira, o que possibilitou dar início em sua caminhada dentro da música e do samba. Assim, foi responsável por fundar a escola de samba Império Lapeano junto com José Cruz Gonçalves e Seu Divino no ano de 1974, em resposta à manifestação carnavalesca do bloco Voz do Morro.

Lançada e anunciada em rede nacional em 1991, pela Unidos do Peruche, Bernadete ganhou destaque, e, ao ter sido convidada para participar de uma coletânea de samba da Rádio Banda FM e interpretar uma canção de Benê Alves em um show, encontrou espaço para seguir uma carreira solo.

Seu primeiro disco, o LP “Jogo da Vida”, lançado em 1992, reuniu composições de grandes sambistas e de lá para cá, teve sua carreira como cantora trilhada, das avenidas aos palcos, atuando como intérprete em diversas escolas de samba de São Paulo.

A partir de seu segundo trabalho, o disco “O Samba é a Minha Verdade” apresentado em 2018, Dona Bernadete se projeta para um show fora da avenida, que irá passear pelos 45 anos de carreira da sambista e reunindo grandes e inovadores nomes da música nacional.

Partindo do canto de Dona Bernadete nos damos conta da dívida história da sociedade com as mulheres negras dentro do samba, onde ainda são encontradas diversas discriminações de gênero e preconceitos raciais, impossibilitando que ocupem o espaço da música no país, sendo este o motivo de lançar seu segundo trabalho somente 26 anos após seu primeiro disco solo!

O samba no campo independente sofre uma carência de quem encontre ali um potencial artístico e projete assim novos nomes do gênero. 

E é com este propósito que a Amplifica Musica surge como articulador de uma cena que se encontra independente e fora dos padrões midiáticos, proporcionando que músicos encontrem apoio para compreenderem o momento de suas carreiras, a partir de uma unidade cultural!

Foi em vozes de mulheres negras, como a de Dona Bernadete, que o gênero se disseminou e encontrou força para uma expressão popular autêntica e necessária!