O rastilho que queima dentro de cada um!
Kiko Dinucci é sinônimo de raíz, sentimento de sentir seu centro conectado à uma força terrena maior, força essa necessária para o ano de 2020, e assim nos chega "Rastilho", seu último álbum lançado!
Sua capa é um belo trabalho, que mesmo após ser digerido se compreende a podridão. A proposta, montada por Pablo Saborido de forma conjunta com o músico, nos direciona à uma mesa servida de alimentos estragados, como o que é percebido todos os dias ao se acompanhar as mídias e instituições democráticas, cada vez mais doentes e deterioradas.
Para quem se interessa nos bastidores do trabalho, é indicado o episódio #13 do @sabesompodcast , feito por Thiago França, seu parceiro na banda Metá Metá (trio que conta também com Juçara Marçal), onde Kiko apresenta uma leitura do violão brasileiro por ele interpretado e como ele se ramifica e reinventa, sendo uma característica de mescla musical evidente, integrando a identidade do instrumento no Brasil de forma quase que mutante.
O trabalho reúne participações que da mesma forma proposta, nos movimenta e demonstra a unidade que fornece a sabedoria para lidar com os anseios sociais, contando com nomes de Juçara Marçal, Rodrigo Ogi e Ava Rocha.
Ao entoar na canção "Olodé" um toque de Oxóssi, Dinucci é capaz de transmitir a energia do axé e da proteção através de seu violão, que até quando presente a melodia é possível sentir o soar percussivo, nos remetendo aos tambores do candomblé, e assim segue nas demais trilhas.
Inevitável não sentir o tom desafiador e explosivo desse disco, assim como a querença de uma transgressão nascida da revolta pelos tempos sombrios que por nós é acompanhado.
Deixe seu rastilho queimar!
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